Uma designer portuguesa, com certeza


Tinha este post guardado nos rascunhos e decidi trazê-lo "cá para fora" depois de ter lido esta crónica escrita também por uma designer. Apesar de nada ter a ver com culinária, bimbys ou alimentação saudável, foi desde que me tornei freelancer que arrisquei trabalhar na Vorwerk de forma a ter mais uma fonte de rendimento no fim do mês (ou a minha "almofadinha", como lhe prefiro chamar). E foi graças a isso que descobri a minha paixão pela cozinha e pela Bimby.

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Em algum ponto do percurso estabeleceu-se que o trabalho dos designers não era para ser levado a sério. As propostas de emprego e os pedidos de trabalho são apenas dois dos pontos mais flagrantes da precariedade que afecta esta profissão. Estágios não remunerados e ilegais, concursos cujo prémio é a divulgação do nosso trabalho numa qualquer página de facebook (como se isso nos pusesse a comida na mesa e nos pagasse as contas), pedidos de propostas cuja única finalidade é o furto das mesmas. Claro que há sempre pessoas ingénuas que acreditam que ao colaborar com estas pessoas/empresas estão a fazer um investimento para o seu curriculum e que só assim conseguirão chegar ao tão ambicionado trabalho remunerado numa empresa "séria". Nada mais errado... Sempre que aceitam trabalhar de graça, estão a prejudicar alguém (quanto mais não seja a eles próprios).

É muito fácil enganar um designer porque no fundo nós vendemos ideias e conceitos. Muito mais fácil do que enganar uma empregada doméstica, um canalizador ou um electricista. Quando alguém contrata uma empregada ou a chama à experiência, o seu trabalho será logicamente remunerado, ainda que no fim do dia não pretenda continuar com ela. Será igualmente impensável que eu convoque cinco senhoras para me limparem a casa à experiência e queira pagar apenas à que limpou melhor. Se eu precisar de um canalizador, não vou poder deixá-lo a estagiar na minha casa-de-banho, reparando tudo o eu precisar a custo zero, apenas para aumentar o seu CV. Ou se eu chamar um electricista para vir a minha casa e ele me explicar qual vai ser a reparação, mesmo que eu não queira avançar (para depois fazer por conta própria), vou ter de pagar pelo menos a deslocação.

É lamentável que em Portugal este assunto se tenha tornado de tal forma banal ao ponto de ser considerado normal. E pior... Quem se indigna e divulga os casos de propostas desonestas, de repente também é visto como um "calimero" dos tempos modernos, porque como diz a sabedoria popular "só aceita quem quer".


Código de Ética Profissional do Designer Gráfico ADG Associação dos Designers Gráficos

Artigo 12º - O Designer Gráfico não deve, sozinho ou em concorrência, participar de projetos especulativos pelo qual só receberá o pagamento se o projeto vier a ser aprovado.

Fonte: aqui

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