A minha aventura como cuidadora de orquídeas

No ano passado, uma vizinha na casa dos 70 e com gosto pela jardinagem ofereceu-me um grande vaso de orquídeas da sua colecção e, juntamente com elas, uma série de recomendações que eu deveria seguir à risca para que se mantivessem saudáveis e florissem na altura certa.

A tarefa, aparentemente simples, foi muito mais exigente do que eu imaginei. Desde que ficaram ao meu cuidado, deparei-me com todo um conjunto de desafios: férias, sol, vento, chuva... E claro, lembrar-me da sua existência em dias em que não tenho tempo nem para me lembrar da minha.
Houve alturas em que quase me arrependi de ter deixado que aquele vaso entrasse cá em casa. Quando comecei a ver folhas castanhas e com um ar mortiço, amaldiçoei-me por não ter recusado a oferta. Não só por saber que a minha vizinha me iria fazer perguntas mas por constatar que corria o sério risco de matar a orquídea (a meu favor: faço questão de ter plantas em casa, mas tenho o bom senso de escolher variedades que requerem pouca manutenção). Nunca tive orquídeas e dei por mim no google a fazer alguma pesquisa para tentar salvar a situação. Valeu-me ainda a ajuda do homem da casa que mudou a planta de sítio para um local onde apanhava menos sol.

Este ano, já com um aspecto mais verde, começaram as perguntas da vizinha: se já tinha rebentos, se havia sinais de querer florir. E eu olhava para o vaso e nada... As semanas a passar, as orquídeas da vizinha já em grande actividade e a de aqui de casa... Nada! Disse-lhe em tom de brincadeira que a minha devia estar preguiçosa (na realidade, já estava quase a hiperventilar com a possibilidade de alguma coisa não ter corrido bem).
A verdade é que, com a preocupação e o peso na consciência, dediquei-me a ela como nunca tinha feito. Todos os dias a observava, retirava folhas secas e ervas daninhas, verificava se a terra estava húmida, regava sempre que necessário... Cuidados que nem todas as semanas eu tinha. E o esforço compensou! Neste momento, tenho uma orquídea saudável com uma quantidade de flores que nunca pensei ter. Mas também aprendi que são flores que requerem atenção e cuidados.


Acima de tudo, fiquei feliz por ter conseguido dar conta do recado e acredito que isto das plantas até tem o seu quê de terapêutico (sem a pressão da vizinha, claro!). Mas, ainda assim, para a próxima espero que me ofereçam um limoeiro. Sempre é mais seguro.

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